Fonte:https://www.metal-archives.com/bands/Lucifer/3540391390

Resenha: Lucifer V

Rock Show
3 min readFeb 8, 2024

--

Por Marcelo Magosso

No ano em que completa uma década de existência, o Lucifer lança seu quinto disco e há muito o que comemorar. Nome em ascensão na cena do rock/metal, a banda mezzo germânica, mezzo sueca, vem ganhando cada vez mais popularidade, seja pelos seus shows incendiários, seja pela qualidade dos discos que vem produzindo ao longo deste período. Com V, o grupo não foge à regra e entrega um occult rock/doom metal de extremo bom gosto e que tem tudo para agradar aos fãs.

O disco abre muito bem com a música Fallen Angel, cuja intro guarda uma certa similaridade com Ride The Sky, clássico de 1970 do Lucifer’s Friend. Com uma levada acelerada, mas sem perder o groove pesado, a faixa tem como destaque a performance vocal da fundadora e líder do grupo, Johanna Sadonis (agora Johanna Platow Andersson). A letra traz a temática do ocultismo característica da banda.

Na sequência temos At The Mortuary, segundo single do álbum lançado ainda no ano passado. Com um início lento e pesado, na veia do Black Sabbath, a música cresce lentamente até explodir num refrão contagiante e, porque não dizer, bastante pop em termos de melodia. Mas calma, o apelo pop mencionado tem muito mais a ver com o fato da canção ter “cara de hit”, do que com qualquer característica descartável. Esta certamente será uma presença garantida nos próximos shows da banda. Desta vez a letra fala de um cenário meio onírico e mórbido, onde uma pessoa tem um encontro com um saudoso ente querido num necrotério. Sinistro? Sem dúvida, mas esta é a maneira que o Lucifer fala sobre perdas e despedidas. Tema, aliás, recorrente nas letras deste disco.

Ridding Reaper, como o título deixa explícito, fala de morte. Ironicamente, ela tem um começo menos pesado do que as anteriores, com um solo melodioso bem na veia do occult rock de bandas como Blue Oyster Cult e Night, porém com a marca indelével da banda. Novamente Johanna entrega uma interpretação magistral, com direito à backings, discrestos, porém muito eficientes de seu marido e baterista Nicke Andersson Platow (Hellacopters).

A próxima música é a belíssima Slow Dance In A Crypt. Praticamente uma balada lenta e melancólica, a canção tem um arranjo cheio de feeling, com direito a um ótimo solo de guitarra e outra interpretação matadora da vocalista. A letra volta a tratar dos temas de perda, luto e, se esta palavra existisse em outro idioma, saudade. Este foi o terceiro single do disco.

This Coffin Has No Silver Lining, que foi a primeira degustação do álbum, lançada em 07 de dezembro do ano passado juntamente de um vídeo bem bacana, tem um andamento um pouco mais acelerado e um apelo quase irresistível para cantar junto. Novamente o refrão é impecável. Também cabe destacar os riffs que remetem aos primeiros anos da NWOBHM.

Após uma breve introdução de violão, Maculate Heart chega com um riff totalmente hard rock. Esta foi a única canção escrita exclusivamente por Nicke Andersson e, não a toa, lembra demais o estilo do Hellacopters. Este é um som ótimo para servir de trilha sonora para pegar a estrada dirigindo. Esta canção foi o último dos quatros singles do álbum até o momento.

The Dead Don’t Speak tem uma levada que consegue equilibrar acessibilidade e peso na medida certa. Um elemento muito interessante foi o som de teclados utilizado no refrão, que trouxe uma certa dramaticidade à música. Outra vez a letra novamente fala de morte e perda.

Strange Sister segue uma linha mais hard rock. É uma canção bem mais direta que a anterior, com um clima que muda totalmente no meio da faixa, em um momento bastante soturno e lento. Ao final da música o grupo retoma a levada mais rocker.

Fechando o disco temos Nothing Left To Lose But My Life. Nesta faixa o grupo conseguiu a façanha de criar um blues doom (!). A letra, em tom de despedida, funciona perfeitamente para uma música de encerramento. Esta é uma canção bastante atmosférica para os padrões do grupo e que, próxima do fim, vai sutilmente se esvaindo em fade out.

Em resumo, mais uma vez o Lucifer entregou um excelente trabalho. Eu sei que ainda é cedo e que este ano promete alguns lançamentos de peso, mas digo sem nenhuma exitação que V é fortíssimo candidato a disco do ano.

Ave, Lucifer!

--

--

Rock Show
Rock Show

Written by Rock Show

Rock Show surgiu do amor pelo Rock, em todas a suas vertentes, e da necessidade de falar sobre isto.

No responses yet